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Alexandra Sanglard

Quer mudar seus resultados? Mude seus hábitos.

Atualizado: 6 de set. de 2023


Uma refeição saudável na mesa
Stock Photos

“Somos aquilo que repetidamente fazemos”. Essa parece uma afirmação um pouco simplista e até banal, mas está carregada de grande significado. Atribuída a diferentes pensadores e corroborada recentemente por neurocientistas e estudiosos do comportamento, demonstra o impacto que os hábitos podem ter sobre a nossa saúde, produtividade, felicidade e o nosso sucesso.


Mas por que será que, mesmo tendo a consciência da importância dos nossos hábitos, às vezes temos a sensação de que eles nos dominam e parece ser tão difícil transformá-los? Entender o que são os hábitos e como funcionam pode ser um fator determinante para mudarmos algo em nossas vidas e no nosso trabalho.


Os hábitos são ações que fazemos com grande regularidade e, às vezes, de forma tão automática, que nem nos damos conta de que eles existem. Quando positivos, contribuem para o nosso fortalecimento e desenvolvimento, como o hábito de fazer exercícios, dormir bem ou aprender coisas novas. Já outros hábitos, que podem ser muito prejudiciais à nossa vida, como o sedentarismo e a procrastinação, entre outros, são os mais difíceis de serem mudados.


Um estudo de 2006, da Duke University, demonstrou que apenas 60% das ações que realizamos diariamente são decisões. Os outros 40% são hábitos, o que significa dizer que quase a metade do tempo, agimos “no automático”, sem pensar. Essa é uma maneira que o nosso cérebro encontra de economizar energia.


Os hábitos surgem, segundo os cientistas, porque o cérebro está todo o tempo buscando formas de poupar esforço e ser mais eficiente, liberando espaço e energia que seriam dispendidos em pequenas ações para se dedicar a tarefas mais sofisticadas e, assim, garantir a nossa sobrevivência. Isso vale até para tarefas mais complexas como dirigir, por exemplo, que requerem muito esforço no início, mas com o tempo, nos exigem cada vez menos e se tornam quase automáticas.


O problema é que o nosso cérebro não sabe distinguir entre os hábitos bons e ruins. Se temos um hábito ruim, isso nos parece tão natural e ficamos tão à vontade, que ele estará sempre à espreita, esperando uma deixa para entrar em ação, sem pedir permissão. E quando um hábito se instala, o cérebro para de tomar decisões.


Os hábitos têm uma função adaptativa importante, pois sem eles nosso cérebro entraria em colapso, sobrecarregado com as pequenas decisões da vida cotidiana, como, por exemplo, nos atos de andar, nos vestir ou comer, que geralmente executamos sem pensar. Imagina você ter que se concentrar a cada passo, ou antes de levar uma garfada de comida à boca?


Por outro lado, uma dependência excessiva do cérebro de rotinas automatizadas pode ser prejudicial, por cristalizar determinados padrões de comportamento, que dificultam a adoção de hábitos desejáveis, como iniciar uma rotina de fazer exercícios, por exemplo.

No excelente livro O Poder do Hábito, o repórter investigativo Charles Duhigg, apresenta uma extensa pesquisa sobre o tema e demonstra a sua teoria de que os hábitos basicamente podem ser divididos em 3 partes distintas, interligadas e formando um processo denominado por ele de “loop do hábito”: Deixa – Rotina– Recompensa.


Esquema da formação de um hábito

 A Deixa funciona como um gatilho que dispara no cérebro um sinal para iniciar uma atividade (a Rotina). Pode ser um lugar, um objeto, uma sensação ou uma pessoa, algo que dispare o gatilho do hábito. A Rotina é a atividade que é realizada em seguida, na expectativa de uma Recompensa, que seria uma espécie de prêmio ou ganho pela realização da ação. Quanto mais prazerosa a recompensa, mais forte o desejo de se repetir a rotina e assim o hábito se instala.


Para ilustrar essa teoria, Charles conta o caso de um profissional que tinha o hábito de ir todas as tardes em um café próximo ao trabalho para comer doces, o que fez com que ele, com o tempo, ganhasse um peso extra considerável. Por mais que se esforçasse, todas as tardes no mesmo horário, sentia um desejo irresistível, e quando se dava conta, lá estava ele na cafeteria comendo o doce. Ao investigar o “loop do hábito” dele, chegou-se à conclusão de que a Deixa que ele usava era o horário e a Recompensa não era o doce em si, mas a possibilidade de fazer um break no trabalho e confraternizar com outras pessoas. A solução? Trocar a ida ao café por um bate-papo com os colegas do escritório.


Colegas de trabalho conversando animadamente

O segredo, então, para mudar um hábito seria primeiro identificar qual o gatilho que o dispara e a recompensa que está associada a ele. A partir daí reforçar essa conexão com uma nova rotina. Não adianta tentar suprimir simplesmente a rotina indesejável, mas sim substituí-la por outra, que gere satisfação ou recompensa semelhantes, sem esquecer do gatilho que vai disparar o novo comportamento.


Uma condição importante também para transformar um hábito é ter o desejo e/ou a consciência da necessidade de mudança, o que algumas vezes acontece provocado por um fator externo, que pode ser mais ou menos impactante, como uma crise de saúde ou pessoal, como uma separação, por exemplo. 


Alguns hábitos, ainda, chamados de angulares, são capazes de disparar uma sequência de mudanças positivas em nossas vidas. Um exemplo são as pessoas que passam a praticar atividades físicas e acabam conquistando melhorias em outras áreas da vida. Começam a se alimentar de forma mais saudável, melhoram o sono, passam a fumar ou beber menos e até melhoram a sua concentração, disposição e energia.


Mulher fazendo uma caminhada na natureza

Isso em parte acontece porque a conquista desses novos hábitos permite à pessoa experimentar pequenas vitórias e uma sensação de sucesso que facilita acreditar que é possível fazer mudanças em outras áreas da vida também, além de melhorar a autoconfiança e a autoestima.


De acordo com o cirurgião plástico americano Maxwell Maltz, 21 dias é o tempo que o cérebro precisa para incorporar um novo hábito à sua rotina e torná-lo automático. Segundo seus estudos, isso se aplica a todas as áreas da vida humana, desde hábitos simples como acordar mais cedo, até iniciar uma dieta ou um programa de exercícios. Assim, depois de 21 dias fica mais fácil persistir no objetivo, não importa qual ele seja.


E você, tem algum hábito que quer mudar ou adquirir? Experimente criar um gatilho e associar uma recompensa. Assim você estará alimentando o loop do hábito. Outra dica: dar pequenos passos é um método mais eficiente do que fazer mudanças radicais, para garantir resultados sustentáveis.


Por fim, acredite que é possível, sabendo que terá que dispender mais esforço no início, até que o novo hábito seja incorporado à sua rotina e aí tudo ficará mais fácil. Vale a pena experimentar, não acha?


Cultive bons hábitos! Você verá o impacto positivo na sua vida e no seu trabalho!


Um abraço.

Alexandra Sanglard


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